Lula chama de 'matança' operação no Rio que deixou 121 mortes e pede investigação
Em primeira fala pública sobre o tema, presidente disse que ação policial foi 'desastrosa'.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, em entrevista a correspondentes internacionais, que a megaoperação policial realizada no Rio de Janeiro na semana passada foi uma “matança” e pediu uma investigação sobre o assunto. Chamada de Contenção, a operação foi realizada pelas polícias militar e civil do Rio e deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha.
— Houve uma matança e creio que é importante investigar em que condições ocorreu — disse Lula, de acordo com a agência AFP. É a primeira fala pública do presidente sobre a operação policial realizada pelo governo do adversário Cláudio Castro (PL).
De acordo com Lula, "até agora só temos a versão do governo estadual, e tem gente que quer saber como tudo aconteceu".
— O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa — afirmou Lula em entrevistas a agências internacionais em Belém, cidade que vai sediar a COP30 nas próximas semanas.
Lula disse que o governo federal já está "tentando (fazer) essa investigação".
— Estamos tentando, inclusive, ver se é possível os legistas da Polícia Federal participarem do processo de investigação da morte. A decisão do juiz era uma ordem de prisão. Não tinha ordem de matança e houve uma matança. É importante a gente verificar em que condições ela se deu — ressaltou o presidente.
No dia da operação, Castro chegou a criticar a suposta falta de colaboração do governo federal com as forças de segurança estaduais, por ter tido seus pedidos de blindados negados três vezes. O próprio Castro, no entanto, admitiu que não tem a intenção de pedir ao governo federal a decretação de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO), requisito para a cessão dos blindados.
Ainda na semana passada, Castro e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciaram a criação de Escritório de Combate ao Crime Organizado para "eliminar barreiras" entre os governos estadual e federal. O grupo será comandado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Santos, e pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo. O anúncio foi feito após uma reunião entre os entes federativos. Além disso, o Estado poderá recrutar peritos criminais da União e aumentar o efetivo da Força Nacional e da Polícia Rodoviária Federal no Rio. Há o entendimento também de aumentar as ações de inteligência da Polícia Federal para sufocar o braço financeiro das quadrilhas.
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Fonte: O Globo
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