O Piauí já registrou 7.982 focos de incêndio em 2025, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), compilados pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). O estado ocupa a sexta posição no ranking nacional de queimadas na última década. O Corpo de Bombeiros admite que o volume de ocorrências tem pressionado as equipes e destaca que a maioria dos incêndios é provocada por ação humana.
O comandante operacional do Corpo de Bombeiros do Piauí, coronel Egídio Leite, afirmou em entrevista ao Jornal Cidade Verde que o cenário era esperado, especialmente entre os meses de julho e dezembro, período considerado mais crítico do ano.
“As altas temperaturas e a baixa umidade justificam a facilidade de propagação do fogo, mas o início continua sendo o comportamento humano. Ainda temos o hábito de usar o fogo para limpeza de áreas e renovação de pastagens, e isso precisa mudar”, ressaltou o coronel.
Atuação sobrecarregada
De acordo com Egídio Leite, mesmo com novos equipamentos e viaturas, o Corpo de Bombeiros não consegue atender todas as ocorrências simultaneamente, já que os incêndios costumam se concentrar nos mesmos horários e regiões.
“Há dias em que recebemos entre 15 e 20 chamados ao mesmo tempo. Mesmo com efetivo ampliado e mais viaturas, é impossível estar em todos os lugares. Por isso, precisamos reforçar a prevenção”, explicou.
O comandante destacou ainda que muitos incêndios são registrados mais de uma vez pelos satélites, o que pode inflar os números de focos detectados, mas não altera a gravidade da situação.
“Às vezes, o mesmo incêndio é contabilizado em várias passagens do satélite. Mesmo assim, estamos em um dos períodos mais severos de queimadas dos últimos anos”, acrescentou.
Prevenção e investimentos
Segundo o Corpo de Bombeiros, as ações de combate e prevenção contam com o apoio de brigadas municipais, Ministério Público, Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil.
Egídio anunciou que o estado foi contemplado com R$ 25 milhões do programa federal “Protetor dos Biomas”, que vai permitir a chegada de 12 novas viaturas de combate a incêndio e o treinamento de 200 novos soldados, cuja formação será concluída em julho de 2026.
“Teremos uma presença muito maior em campo no próximo período de queimadas. Mas o desafio principal ainda é a conscientização da população”, reforçou.
Educação ambiental ainda é o maior desafio
Para o comandante, as campanhas de educação ambiental continuam sendo a principal ferramenta para reduzir os incêndios no Piauí.
“Outros estados com clima e vegetação semelhantes conseguiram diminuir o número de queimadas porque incorporaram melhor o aspecto preventivo. No Piauí, ainda precisamos mudar o comportamento em relação ao uso do fogo”, concluiu.
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Fonte: Izabella Lima
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